Tuesday, December 30, 2008

Aventuras na Gaiola, parte I

Parte I - A Profecia
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Quando eu era pequenino
Uma cigana leu-me a sina
E disse que o meu destino
Era ir trabalhar p'rá mina

Mas com o correr da vida
Aquela pequena estória
Aos poucos foi engolida
Pelas brumas da memória

E muito anos passados
Estava eu posto em sossego
Vi nos classificados
Uma proposta de emprego

Era um emprego na mina
Ao princípio hesitei
Mas ao lembrar-me da sina
Concorri e lá fiquei

Parte II - A Revelação
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Por pouco a cigana errou
Pois à mina eu fui parar
Ela só se enganou
Na parte do "trabalhar"

Parte III - A Realidade
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Esta mina é um achado
Que empresa tão engraçada
Chego sempre atrasado
Nunca ninguém me diz nada

Às oito entro ao serviço
É um horário complicado
Deve ser por causa disso
Que ando sempre ensonado

Ao meio-dia e meia em ponto
Dá-me logo uma espertina
Um segundo e já estou pronto
Para ir para a cantina

Com a barriguinha cheia
P'ró escritório lá vou eu
Como ainda é uma e meia
Vou falar com o Morfeu

O tempo passa a voar
E sem sequer o sentir
Mal começo a trabalhar
Já são horas de sair

Ah, se a cigana soubesse
No que a sina ia dar
Concerteza se pudesse
Vinha para aqui trabalhar

A Formiga e a Cigarra

A Formiga e a Cigarra
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A cigarra, descuidada
Passou o Verão a cantar
Mas a formiga, avisada
Passou-o a trabalhar

Foi enchendo grão a grão
A casa de provisões
Pois o ano não é só Verão
Também tem outras estações

Quando mudou a cantiga
E o Inverno chegou
A nossa amiga formiga
Colheu o que plantou

Já a cigarra, coitada
Não guardou nada que preste
A cantiga...deu em nada
E ela...deu o peido-mestre

Wednesday, September 24, 2008

Ode ao Morfeu

Ode ao Morfeu
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Morfeu, não sejas malvado
E põe-te daqui a milhas
Estás-me a deixar cansado
Sem energia nas pilhas

Morfeu, vai para outro lado
Deixa-te mas é de tretas
Estás-me a deixar ensonado
E sem força nas canetas

Morfeu, amigo Morfeu
É assim toda a semana
Juntamo-nos tu e eu
Vem logo o João Pestana

Monday, August 4, 2008

Contos da Barbearia

Contos da Barbearia
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Dormi mal, estava cansado
E na cadeira do barbeiro
Adormeci, sem ter pensado
Que o baeta era matreiro

O malandro a tosquiar-me
E eu nos braços de Morfeu
Tinha logo que calhar-me
Um barbeiro tão judeu

Ao acordar, fiquei chocado
Tinha a cabeça vazia
Ali no chão, ao meu lado
O meu cabelo jazia

Não te esqueças nunca disso
Aprende bem a lição
Podes dormir no serviço
Mas no barbeiro é que não!

Monday, June 30, 2008

O Poeta, parte II

O Poeta, parte II
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Sou poeta popular
Faço versos por prazer
Se deles fosse precisar
Para a vida ganhar
À fome eu ia morrer

Tuesday, June 24, 2008

Fado dos 65

Fado dos 65
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Até aos 65
Entro às 8, saio às 5
E trabalho com afinco
Para ir ganhando o pão

E não me posso queixar
Eles dão-me o que almoçar
E no dia de pagar
Não falta lá um tostão

E ainda para além disso
Nem tenho muito serviço
Nunca ando em rebuliço
Levo uma vida mansa

Ao meio-dia e meia hora
Não perco pela demora
Para a cantina vou embora
Para ir encher a pança

Depois de dar ao serrote
De modo que niguém note
Ferro o galho um bocadote
Para repor as energias

Mas tenho sempre cuidado
Um olho aberto, outro fechado
Para não ser apanhado
Por alguma das chefias

Chega a tarde, e é então
Que eu entro em acção
Faço uma programação
Modifico uma tabela

E quando por isso dou
O dia já terminou
Embora para casa eu vou
Amigos, a vida é bela

Wednesday, June 18, 2008

Mea Culpa

Mea Culpa
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Sei que não sou inocente
Tenho culpas no cartório
Não por ser delinquente
Mas por dormir no escritório

Eu farto-me de tentar
Mas não consigo impedir
Mal acabo de almoçar
Tenho vontade de dormir

Nem bebendo um café
O sono se vai dissipando
Mal me mantenho de pé
E os olhos vão-se fechando

E quando mal dou por mim
Ai Jesus que lá vou eu
Não para Viseu, mas sim
Para os braços de Morfeu

Monday, June 16, 2008

Os Reis da Peluda

Os Reis da Peluda
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Somos os reis da peluda
E temos pelo trabalho
A mesma aversão aguda
Que um vampiro tem ao alho

Andar aos S's

Andar aos S's
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O Senhor seja louvado
Pois ouviu as minhas preces
Permitiu-me ser formado
No método dos 5S's

Uma tal formação ter
Foi algo que sempre quis
Aconteça o que acontecer
Já posso morrer feliz

Thursday, June 12, 2008

Retalhos da Vida de um Informático

Retalhos da Vida de um Informático
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Chega a hora do almoço
Cumprimos a nossa sina
Saímos sem alvoroço
A caminho da cantina

Ao meio-dia e meia em ponto
Não esperamos por ninguém
Que está pronto, está pronto
E quem não estiver não vem

Lá vamos cantando e rindo
Sempre em marcha acelerada
A fome já vai surgindo
E tem que ser saciada

Chegados à nossa meta
Escolhemos a refeição
Carne, peixe ou dieta
Ou um bitoque de opção

E já sentados à mesa
Deitamos as mãos á obra
Desde a sopa à sobremesa
Nem uma migalha sobra

Com o bandulho recheado
Deixamos o refeitório
E num ritmo mais pausado
Regressamos ao escritório

Mas antes de trabalhar
Para ajudar à digestão
Um café vamos tomar
Quem saber ver televisão

O trabalho não vai fugir
Por isso não temos pressa
É bom para descontrair
Dar dois dedos de conversa

Meio-dia já está feito
E por ele nem se deu
Para tudo ser perfeito
Visitamos o Morfeu

Thursday, May 29, 2008

Depois dos Tempos vêm Tempos, parte III

Depois dos Tempos vêm Tempos, parte III
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Ah, este tempo d'um raio...
Quem diria, quem diria
Que no fim do maduro Maio
Estava frio e até chovia

Tuesday, May 27, 2008

A Vida é Bela, parte VI

A Vida é Bela, parte VI
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Pança cheia, cá vou eu
Não sei bem o que fazer
Vou perguntar ao Morfeu
Talvez ele me saiba dizer

Depois dos Tempos vêm Tempos, parte II

Depois dos Tempos vêm Tempos, parte II
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O clima está passado
O tempo não está "siguro"*
O São Pedro anda zangado
O Maio já não é maduro

(*Termo regional para referir a certeza ou incerteza do clima.)

Depois dos Tempos vêm Tempos, parte I

Depois dos Tempos vêm Tempos, parte I
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Ainda esteve bom tempo
Mas foi sol de pouca dura
Agora faz chuva e vento
A coisa não está "sigura"*

(*Termo regional para referir a certeza ou incerteza do clima.)

Tuesday, April 29, 2008

A Vida é Dura, parte I

A Vida é Dura, parte I
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É preciso ter coragem
Num mundo tão exigente
A reforma é uma miragem
Só vejo trabalho à frente

Tuesday, March 11, 2008

Rebentar pelas Costuras

Rebentar pelas Costuras
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Tenho a pança a rebentar
A rebentar pelas costuras
Pelas brasas vou passar
P'ra ir queimando as gorduras

Balada da Formação

Balada da Formação
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Mas que mal terei eu feito
P'ra sofrer tal punição
Bem sei que não sou perfeito
Mas um castigo assim, não!

Sou um homem de respeito
Sempre fui bom cidadão
Então porque sou sujeito
A uma tal provação?

Levanto-me do meu leito
Ainda na escuridão
E viajo contrafeito
Para mais uma sessão

Durante horas a eito
Fechado numa prisão
Será que é meu defeito
Não ver nisto uma razão?

Não estou nada satisfeito
Com esta situação
Tenho de arranjar um jeito
De escapar da formação!

Wednesday, February 13, 2008

O Tempo, parte II

O Tempo, parte II
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O trabalho vai-se fazendo
O dias vão-se passando
Temos é que ir comendo
E dormir de vez em quando

Tuesday, January 22, 2008

O Sentido da Vida, parte II

O Sentido da Vida, parte II
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Seguindo a nossa rotina
Vemos os dias passar
Depois de irmos à cantina
É meia-horinha a xonar

Juntando a este bocado
A latrina e o cafézinho
Para o dia estar passado
É trabalhar um pouquinho

Não pensem que isto é um tacho
Trabalhamos com afinco
Chuta p'ra cima e p'ra baixo*
Até aos sessenta e cinco

(*Calão informático para ligar e desligar o computador.)

A Vida é Bela, parte V

A Vida é Bela, parte V
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Comi que nem um abade
Não me apetece bolir
P'ra começar bem a tarde
Acho que vou é dormir

Monday, January 21, 2008

A Vida é Bela, parte IV

A Vida é Bela, parte IV
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Gosto de aqui trabalhar
Digo isto com orgulho
Principalmente de xonar
Depois de encher o bandulho